Conheça o Tai Chi Chuan
Cheng Man-Ching (1901/1975) dizia que: “se você move as mãos arbitrariamente, não seguindo o corpo, bem, você está apenas fazendo exercício e não realmente praticando Tai-Chi”.
Existem muitas teorias que indicam a origem histórica do Tai Chi Chuan, contudo, não é possível apontar essa ou aquela como sendo a verdadeira, mas é possível apontar aquelas que ao longo dos séculos apresenta um convencimento natural pela beleza de suas fábulas como é o caso da teoria atribuída a Zhang San Feng.
A nosso ver, a história que mais empolga e cativa os adeptos do Tai Chi Chuan, é a que descreve a luta entre uma serpente e um pássaro (provavelmente um pardal ou um grou), que o sacerdote Taoísta Zhang San Feng teria presenciado num dado instante da vida.
Ele teria observado, através da janela da casa dele, no quintal a sua frente, a destreza do pássaro (yang) e a serpente (yin), que demonstraram respectivamente, rigidez e flexibilidade numa alternância de movimentos que expressavam a interação entre as forças yin e yang e também, outras concepções inerentes à natureza, que o inspiraram na criação do Tai Chi Chuan.
O monge Zhang San Feng, historicamente teria vivido na época da Dinastia Song do Sul (1127 a 1279.a.C).
O Tai Chi Chuan é uma arte marcial?
O Tai Chi Chuan surgiu numa época em que existiam muitos conflitos entre os senhores feudais da antiga China.
Para se protegerem do inimigo cada clã armava-se de uma forma ou de outra para os combates corpo a corpo. O Tai Chi Chuan teria surgido inicialmente como uma técnica de autodefesa inspirada no princípio da utilização da força do inimigo contra si próprio.
Conta-se que os monges viajantes aprenderam essa técnica com o objetivo de se defenderem de freqüentes assaltos em suas longas caminhadas entre as cidades.
Hoje, os tempos são outros, o homem moderno dispõe de uma tecnologia de ponta em armamentos que basta o apertar de um botão para destruir grandes cidades ou até mesmo o planeta.
Esse mesmo homem continua tão confuso quanto os nossos antepassados com vários ingredientes a mais: estresse, violência urbana, corrupção, egocentrismo, competitividade, enfim, o homem do nosso tempo precisa de algo mais que possa ajudá-lo a resgatar a si mesmo diante de tanta angustia.
O Tai Chi Chuan ao longo de sua existência veio se adaptando às necessidades humanas e no momento é uma arte importantíssima no combate ao pior de todos os inimigos, que é exatamente o nosso próprio ego.
Ou seja, aquela parte de nós que está em permanente conflito, querendo uma coisa e fazendo outra completamente diferente, gerando todo o tipo de competição, conflito, divisão e separação entre as pessoas.
A autodefesa pressupõe defender e atacar outrem, em si mesma está contido ainda que subliminarmente o sentimento de vingança, superioridade e de competição que reforçam o ego provocando ainda mais conflitos.
De modo que o Tai Chi Chuan dos tempos atuais está para o desenvolvimento da força interior, de qualidades e valores espirituais, saúde e bem-estar e não para o combate e violência entre pessoas.
O Tai Chi Chuan é antes de qualquer coisa uma técnica de não-violência, que proporciona leveza e paz interior.