Frango Amanteigado
Laurentino Gomes, conta em seu livro 1808, Editora Planeta, 2007, que o rei D. João VI gozava do prestígio de ter sua imagem associada a um rei benevolente, protetor dos cidadãos como um pai – para com os filhos.
A meu ver, o Rei fazia o que muitos políticos continuam fazendo ainda hoje com seus eleitores, mentem, negam o óbvio para se protegerem e, alcançar seus objetivos, o que revela em alguns casos, manifestações psíquicas descontroladas ou doentias.
Com o intuito de obter ganhos particulares as pessoas enfrentavam filas enormes para reverenciar o rei e beijar suas mãos, na imponente cerimônia do beija a mão. Nesta cerimônia D. João VI se postava garbosamente, com a imponência de rei imaculado, superior aos mortais comuns.
Lá pelas tantas, enfiava a mão na algibeira, pegava um pedaço de frango assado na manteiga, sem ossos, metia-os na boca gulosamente sem a mínima cerimônia. Curiosamente, as algibeiras não eram nada higiênicas, haja visto, que o Rei não gostava de roupas novas e praticamente vestia a mesma por vários dias, muitas abriam nas costuras, dado a pressão que as nádegas e coxas gordas exerciam sobre as mesmas.
Acredito, que o Rei não tinha o hábito ou tempo, de lavar as mãos entre um pedaço e outro de frango, suas “bondades” eram tantas, que as pessoas beijavam suas mãos, mesmo cheirando frango amanteigado.
Higiene era o ponto fraco na corte, em 1786, por exemplo, D. João VI escreveu uma carta à irmã, sobre a falta de bons hábitos de higiene em Portugal, que propiciava a disseminação de pragas e doenças, conta que Carlota Joaquina, sua esposa, tivera de cortar os cabelos por estar infestada de piolhos.
Mesmo com tanta falta de higiene o Rei influenciou nossos hábitos alimentares com o frango amanteigado e vinhos portugueses. Tanto que o frango a passarinho, nosso predileto tira gosto, foi inspirado no frango amanteigado.
Nossa herança portuguesa, no que diz respeito às características físicas predominante – estatura mediana e predisposição a acúmulo de gordura abdominal -, hábitos à mesa, como o servir à vontade, talvez tenha contribuído, mesmo que modestamente, para o quadro de obesidade atual no Brasil.
Mesmo que não haja fundamento para tal elucubração, sinto-me honrado pela descendência portuguesa. Entretanto, devemos ter o maior cuidado para não exagerarmos à mesa e, sobretudo, mesmo a contragosto e enquanto Deus nos permitir, devemos praticar exercícios físicos pelo menos três vezes na semana, como ferramenta para o controle do peso e saúde total.